Abstract:
A presente dissertação com o tema aluimento da lixeira de Hulene B: um caso de
desterritorialização das famílias afectadas, procura analisar a vida destas com o
acompanhamento do Governo nas fases após a ocorrência do desastre. Nesta pesquisa
aplicou-se o método misto baseado em pesquisa qualitativa com o uso da entrevista aos
afectados e entidades públicas, pesquisa bibliográfica, grupo focal, observação directa e
análise do conteúdo. A análise baseada na teoria de Violência Simbólica de Bourdieu,
permitiu-nos compreender que o Governo como instituição, persuadiu a comunidade com
soluções viáveis que visavam a salvaguarda da segurança e bem-estar das famílias através de
sua acomodação em áreas seguras, subsídio para arrendamento de casas dignas e construção
de casas de raiz em Pussulane, procedimento louvável. Todavia, inesperadamente as boas
acções do Governo, tiveram em alguns casos impactos negativos, percebe-se que a vida dos
afectados, pela sujeição as condições não habituais como a dependência em relação ao
Governo em alimentação nos centros transitórios, arrendamento de casas, dinheiro para as
despesas básicas, residência em local escolhido pelo Governo, contribuíram para a
deterioração das suas condições de vida. Nos centros transitórios alimentos escassearam,
fragilidades de limpeza e saneamento do meio como consequência a eclosão de doenças.
Com a atribuição do subsídio de mobilidade as famílias arrendaram casas em condições
precárias e em locais insalubres, surgem conflitos com os proprietários pela demora de
pagamento da renda, abuso do consumo de álcool, divórcios, poligamia, abandono do
emprego, ociosidade, desentendimento e brigas entre cônjuges, abandono dos filhos pelos
pais entre outras, levando a ruptura da coesão social. Adicionalmente, o reassentamento
parcial das famílias em Pussulune piorou as condições de vida destas, acarretando custos em
transporte, a gestão do tempo, passando a madrugar para os locais de emprego devido a
distâncias longas, sucedendo o mesmo em relação a hospitais, escolas e mercados, que só
existem na sede do Distrito de Marracuene, validando o argumento segundo o qual devido a
fraca articulação e interacção entre o Governo e a Comunidade, não houve melhoria das
condições de vida destes últimos.