Abstract:
Introdução: A adolescência constitui um período de desenvolvimento e crescimento, neste
período ocorre envolvimento destes em comportamentos sexuais de risco, aumentando a
probabilidade de gravidez indesejada.
Objectivo: Descrever os factores associados a gravidez nas adolescentes no distrito municipal
KaMavota, cidade de Maputo, nos anos 2022 e 2023
Método: Estudo de caso usando a abordagem mista qualitativa-quantitativa; a componente
quantitativa foi descritiva transversal e participaram 91 adolescentes; na componente qualitativa
foi usada a Teoria Fundamentada e participaram 9 Enfermeiras de Saúde Materno Infantil, 10
Professores das escolas secundárias do distrito KaMavota e 5 Cuidadores/Encarregados de
educação das adolescentes. Os dados foram colectados usando um questionário (parte quantitativa)
e um guião de entrevista (parte qualitativa). Foi feita a análise univariada na componente
quantitativa, aplicando a estatística descritiva para cada variável qualitativa nominal e ordinal, e
para cada variável com escala quantitativa. O teste de regressão logística foi efectuado para
descrever as características predominantes nas adolescentes que iniciam precocemente a actividade
sexual e factores associados a decisão de engravidar e a gravidez na adolescência. Foi igualmente
realizada análise de conteúdos, onde foram produzidos relatos das entrevistas na componente
qualitativa.
Resultados: Observou-se limitada evidência estatística dos factores estudados em relação à
iniciação sexual e gravidez na adolescência, além da idade das adolescentes (p=0.05) e
empregabilidade dos cuidadores das adolescentes (p=0.067) que é próximo de 0.05. As
entrevistas realizadas aos informantes chave mostraram diversas condições de vulnerabilidade
entre as adolescentes que iniciam actividade sexual e engravidam precocemente tais como a
pobreza, a curiosidade e influência dos pares (amigas), a idade de início da actividade sexual, a
falta de conversa dos cuidadores com as adolescentes, a globalização, a tecnologia e internet
quando disponibiliza conteúdos impróprios, ausência de abordagem sobre a sexualidade nos
currículos escolares, o casamento precoce, ignorância e falta de conhecimento sobre saúde
sexual e reprodutiva e do planeamento familiar. Em relação às barreiras de acesso e demanda de
serviços de saúde sexual e reprodutiva, apenas às barreiras ligadas ao acesso a informação foram
11consideradas importantes visto que cerca de 47.3% (43) das adolescentes referiram que não
conheciam SAAJ no momento do estudo.
Conclusão: A gravidez na adolescência é comum na área de saúde de KaMavota e está ligada a
condições de vulnerabilidade social e económica. Os resultados sugerem a necessidade de investir
na educação para saúde envolvendo activamente as adolescentes para que elas adquiram
competências para gestão da própria saúde sexual e reprodutiva, criação de projectos ou
intervenções de fortalecimento da capacidade de decisão sobre a vida para adolescentes,
empoderamento das mesmas fornecendo orientação para aquisição de valores e objectivos da vida
mediante educação, comunicação com cuidadores, professores e profissionais de saúde.