Abstract:
Em países de baixa e média renda, a insegurança alimentar (IA) é uma realidade para muitas famílias, principalmente entre os grupos mais vulneráveis. O fardo da IA familiar em Moçambique e como a IA e as estratégias de sobrevivência se relacionam com a saúde percebida são desconhecidos. Este estudo investigou as experiências vividas e estratégias de enfrentamento de famílias com insegurança alimentar, juntamente com sua saúde percebida. Ao todo, foram realizadas 16 entrevistas em profundidade, gravadas em áudio e transcritas na íntegra. Realizou-se uma análise qualitativa de conteúdo e emergiram cinco temas: experiências vividas de IA, estratégias de enfrentamento utilizadas em situações de IA, escolhas alimentares, mudanças climáticas e segurança alimentar, e IA e saúde percebida. Uma ampla gama de experiências vividas e estratégias de enfrentamento foram relatadas, incluindo cozinhar o que estiver disponível, pular refeições, receber dinheiro ou comida de amigos e parentes, comer alimentos inseguros e de baixa qualidade, assumir trabalho adicional, cozinhar alimentos menos preferidos e ter uma dieta monótona e pouco nutritiva. Além disso, os participantes relataram sofrimento emocional, ansiedade e depressão, uso de substâncias e outros resultados negativos para a saúde. Alguns tinham diagnóstico de hipertensão, diabetes ou HIV/AIDS. Os resultados sugerem a necessidade de criação de empregos e empoderamento das mulheres, bem como a implementação de políticas e programas apropriados para aliviar a IA doméstica.