Abstract:
O fenómeno migratório como consequência dos desastres naturais não é recente. Ao longo da
história da humanidade, a ocorrência de fenómenos naturais adversos num ambiente de
vulnerabilidade das comunidades ou países, sempre constituiu um catalisador para a mobilidade
das pessoas das áreas inseguras para as seguras. O estudo é qualitativo baseado em entrevistas
estruturadas e grupos focais de discussão e avalia a situação das mulheres chefes de agregados
familiares e suas crianças como refugiadas ambientais no Distrito do Chókwè. Os resultados
apontam que a frequência escolar baixa; habitação precária; dependência total da agricultura como
actividade de sustento e de geração de renda constituem alguns aspectos de vulnerabilidade à
efeitos de desastres naturais nas mulheres chefes de agregados familiares no Distrito de Chókwè.
Nos centros de acomodação as fracas condições socioeconómicas da mulher chefe de agregado
familiar além de resultarem no acesso limitado aos serviços de saúde, o que contribuem para o
surgimento de doenças entre mulheres e consequente perda de vida, devido a carência na
alimentação estas são expostas à prostituição, pois a ajuda alimentar que é prestada é na sua
maioria gerida por homens. A generalização das informações que constam dos relatórios oculta
que os impactos de cheias são sentidos fundamentalmente pelas mulheres chefes de agregados
familiares. Assim surge a necessidade de pesquisas no distrito que apontem os efeitos das cheias
considerando a condição das mulheres chefes de agregados familiares e crianças.