Abstract:
O tema do presente trabalho assenta nas expressões idiomáticas, no contexto da música ligeira
moçambicana, e aborda o uso das expressões idiomáticas em composições musicais cantadas em
Changana. Com o título “Utilização das expressões idiomáticas do Changana em composições
musicais: Para uma análise da música ligeira moçambicana do sul de Moçambique”, o estudo
busca perceber a função e o significado atribuídos às expressões idiomáticas quando empregues
nas composições do Changana, pois hà diversidade interpretativa das mesmas, o que contrasta com
Lacerda (2004), ao referir que: as expressões idiomáticas adquirem uma importância singular
como manifestação expressiva, racional e quase sempre normativa, e ao utilizá-las, o falante
identifica-se com as convenções sociais e pode levar sua audiência, uma vez que tal uso reflete os
valores filiais existentes em uma dada sociedade, Nhaombe (2002, 2006).
Este contraste suscitou-nos o interesse neste estudo, pois várias questões surgiram a respeito desta
roptura, com destaque para a seguinte: Que funções desempenham as expressões idiomáticas de
changana quando empregues na música ligeira moçambicana?
Para concretização da presente pesquisa, usou-se os métodos indutivo e dedutivo. O Primeiro
método (Indutivo), ajudou-nos a perceber a função de cada expressão, partindo da intensão do
falante inunciador à percepção do falante ouvinte, através da operação mental que consistiu em
estabelecer uma verdade universal ou uma referência geral com base no conhecimento de certo
número de dados singulares. O segundo método (Dedutivo), ajudou-nos a deduzirmos certos
fenómenos decorrentes da pesquisa, pelo facto deste ter como objectivo explicar o conteúdo das
premissas. Isto é, por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise
do geral para o particular. A demais, nos socoremos do método estatísticao para casos de
representação de maior número de informantes a mesma entrevista, como é o caso dos líderes
religiosos e comunitários.
Para a recolha de dados recoremos ao termo instrumento enquanto objecto palpável utilizado nas
diversas técnicas para obter os dados. Portanto, socorremos-nos das seguintes técnicas: (i)
Pesquisa documental e (ii) introspecção. Socorremos-nos ainda do seguinte instrumento:
entrevista semi-estruturada.
Na nossa análise, iniciamos pela apresentação do Corpus oferecido pelos dados obtidos nas letras
das músicas em estudo e de seguida a apresentação das sensibilidades dos músicos. A análise e
interpretação de dados, cingiu-se pela abordagem Social da linguagem, tendo em conta a Teoriados actos de fala, postulada por Searle (1969 a 1979), e que assenta no princípio de que quando o
locutor pronuncia uma determinada frase, num contexto específico, executa, implícita ou
explicitamente, actos como afirmar, avisar, ordenar, perguntar, pedir, prometer, criticar, entre
outros. Socorremo-nos também do princípio de cortesia e das Máximas Conversacionais de Grice
(1975).
Através da análise de conteúdo, o estudo concluiu que as expressões idiomáticas do changana,
quando empregues na música ligeira moçambicana, apresentam três grupos de funções: (i) de uma
única função, (ii) de dupla função e (iii) de tripla função. O primeiro grupo subdivide-se em 5 Sub-
grupos: Sub-grupo – I, expressões utilizadas para criticar; Sub-grupo – II, expressões utilizadas
para educar; Sub-grupo – III, expressões utilizadas para condenar; Sub-grupo – IV, expressões
utilizadas para demonstrar uma glória/vitória e Sub-grupo – V, expressões idiomáticas utilizadas
para prometer. O segundo grupo subdivide-se em 3 Sub-grupos: Sub-grupo – I, expressões
utilizadas para criticar e educar simultaneamente; Sub-grupo – II, expressões utilizadas para
educar e condenar simultaneamente e Sub-grupo – III, expressões idiomáticas com função de
criticar e ironia/humor simultaneamente. O terceiro grupo, apresenta simplesmente expressões
utilizadas para criticar, educar com ironia/humor. Conclui ainda que são expressões
convencionalizadas.