Caracterização química e avaliação da actividade antimicrobiana e antioxidante das polpas e derivados dos frutos de massala (Strychnos spinosa) e Mapfilwa (Vangueria infausta)

Abstract

Em Moçambique, variedades de plantas silvestres alimentares, com elevado potencial nutricional e medicinal e que satisfazem as necessidades das famílias rurais, são largamente distribuídas por todo o país. Os frutos destas plantas são vendidos em mercados informais durante a época de colheita e consumidos de diversas formas. A sua importância na dieta depende da disponibilidade e varia de espécie, região e tradições culturais. Ultimamente, observaram-se diversas iniciativas de desenvolvimento e adaptação de tecnologias de processamento destes frutos nativos de ocorrência espontânea, para produtos derivados como licores, doces e jams, que têm uma declaração da sua aptidão para o consumo humano aprovada pelo MISAU, havendo necessidade de estudar a composição físico-química e fitoquímica, caracterizar e comparar as propriedades nutricionais dos frutos e seus derivados. No presente trabalho, realizou-se a caracterização físico-química seguindo técnicas e normas descritas pelo Instituto Adolfo Lutz, fez-se a prospecção fitoquímica qualitativa usando métodos descritos por Araujo et al. e Silva et al. e usando reagentes específicos para identificação dos constituintes químicos, avaliou-se a actividade antimicrobiana pelo método de difusão em agar e avaliou-se a actividade antioxidante aplicando o método do sequestro de radical livre 2,2-difenil- 1-picrilhidrazil (DPPH) das polpas e derivados (licor e jam) dos frutos de Vangueria infausta e Strychnos spinosa. Os resultados deste trabalho mostram que o processamento dos frutos para seus derivados não altera em grande medida as suas propriedades físico-químicas. Na prospecção fitoquímica, verificou-se que há em comum nos dois frutos, presença de flavonóides e saponinas e uma diferenciação em relação a outros fitoquímicos analisados. Na avaliação da actividade antimicrobiana de extractos á concentração de 200 mg/ml, os dois frutos não apresentaram inibição ao crescimento das bactérias Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Salmonella thyphimurium, Staphylococcus aureus e da levedura Candida albicans. Na avaliação da actividade antioxidante, as polpas de V. infausta e S. spinosa apresentaram maior actividade antioxidante que seus derivados.