Geração 8 de Março: memórias marginais
Lobo, Almiro; Paul, Leandro; Teixeira, Vanize; Mendes, Irene; Abdulá, Grácio; Taylor, Maria Madalena J. Lino; Pinto, Isaura Macedo; Gonçalves, Sandra Maria de Jesus Antão; Mutemba, Balbina Joel da Conceição; Paulo, Bartolomeu; Gaspar, Manuel da Costa; Rassul, Mário Jorge; Ngunga, Armindo Saul Atelela; Leite, Conceição [São]; Guambe, Ribas; Muchangos, Leontina Sarmento dos; Costa, Rosa; Matholo, Noémia; Ruas, Carla [Picola]; Junqueiro, Lucas; Fernandes, Ana Maria [Noca]; Araújo, Maria de Lurdes [Milú]; Efraime júnior, Bóia; Carrilho, Maria do Carmo; Nyambihu, Maria Ângela Penicela; Mendes, Mário Leonel Hermínio; Casimiro, Cristiana; Mulchande, Rafique Mussagy; Marques, Mário Ruy Perdiz Reynolds; Neves, Alexandra; Valigy, Fausia; Mucavele, Carlos Pedro; Martins, Marisa Rangel; Diniz, Carlos; Manjate, Teresa; Melo, Ana; Martins, João Pedro Teixeira; Silva, José Julião da; Baltazar, Pedro Maciel; Simão, Lúcia Manuel; Razul, Alberto; Cardoso, António; Melo, Isabel; Reis, Benilda; Monteiro, José Augusto Walters; Assis, Abel; Dias, Orlando; Alberto, Rosita; Lai, Salvador; Abdula, Ângela; Cardoso, João; Paul, Celso; Menete, José Henrique Lopes; Fagilde, Sarifa Abdul Magide
Date:
2025
Abstract:
Há muito tempo que, pelo menos em Moçambique, se fala da chamada
“Geração 8 de Março”.
Grosso modo, a expressão ”Geração 8 de Março” designa as várias cen-
tenas de jovens cujo destino mudou a partir do discurso do Presiden-
te Samora Machel, proferido no Pavilhão do Maxaquene, no dia 8 de
Março de 1977 e estende-se até aos primeiros anos da década de 80,
altura em que cada jovem passou a ter a oportunidade e a liberdade
de escolher o curso que gostaria de frequentar ou a actividade profis-
sional que pretendia exercer.
Por decisão presidencial, naquele ano foram suspensos os 6o e 7o anos
do ensino secundário e todos os alunos encaminhados para tarefas
definidas pela direcção do Estado. Era o famoso “Chamamento da
Pátria”.
A independência de Moçambique foi proclamada a 25 de Junho de
1975. O êxodo de técnicos portugueses exigia a tomada de decisões
arrojadas que mantivessem em funcionamento o Estado recém-inde-
pendente.
Os jovens, afectados pela histórica decisão de 8 de Março de 1977,
foram colocados em todos os sectores considerados prioritários pela
direcção do Estado. Educação, Saúde, Defesa e Segurança, Economia,
Administração Pública, Partido, entre outros, podem ser apontados
como exemplos.
Em todo o País, centenas de jovens, muitos dos quais com menos de
dezoito anos, sacrificaram os seus sonhos individuais e os dos seus
pais para abraçar a utopia de reconstruir o País, de fazer de Moçambi-
que a Pátria de todos os moçambicanos.
Volvidos quase 50 anos, é altura de ouvir o testemunho daqueles so-
bre quem recaiu a decisão presidencial de 8 de Março.
São, nesse sentido, memórias marginais, isto é, não fazem parte da
historiografia oficial e não têm outro propósito que não seja a simples
partilha de recordações das aventuras e desventuras decorrentes do
facto de terem sido chamados pela Pátria.
Uma Disputa Insuspeita
As datas são o que são, valem o que valem, em função do que o ser
humano projecta. A importância ou irrelevância de uma data é
convencional.
A “praxis” – há quem prefira o termo “espírito” – do designado
“Chamamento da Pátria” começou antes do dia 8 de Março de 1977.
Há vozes que advogam que esses outros jovens pertencem à Geração
da Transição ou Geração da Independência. Alguns deles também são
autores de textos desta colectânea.
Mas o objectivo desta obra não é debater esse tópico. É tão-somente
adiar e, eventualmente, evitar a amnésia que ameaça a nossa
capacidade de lembrar o que se passou, à medida que o tempo corre.
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