Abstract:
As indústrias cimenteiras para além de consumirem grande quantidade de energia, são
responsáveis por cerca de 8% do global das emissões de CO 2 na atmosfera devido a
decomposição de calcário, uma das principais matérias-primas para o fabrico de cimento cuja
sua mineração também contribui na degradação do meio ambiente. Uma das formas de
minimizar os problemas ambientais causados no processo de produção do cimento é o uso de
cinzas de resíduos agrícolas capazes de substituírem parcialmente o cimento devido as suas
propriedades pozolânicas. A pesquisa teve como objectivo geral avaliar as potencialidades das
cinzas de Phragmites australis (PA), Eichhornia azurea (EA) e Pistia stratiotes (PS) na
substituição parcial do cimento em argamassas. De forma específica foi feita a optimização do
processo de produção das cinzas pelo uso do teste de Chaplle; determinou-se a actividade
pozolânica das cinzas por meio dos testes de Chapelle e Frattini, resistência mecânica dos
materiais e Índice de Actividade Pozolânica (IAP), e por fim fez-se a correlação dos
resultados de determinações de resistência, resultados dos ensaios de determinação da
actividade pozolânica e parâmetros usados na caracterização das cinzas. Os resultados
indicaram que as condições óptimas de produção das cinzas de PA, EA e PS são,
respectivamente, 500 o C durante 3 horas, 600 o C durante 2 horas e 600 o C durante 4 horas; no
teste de Chepelle registou-se um consumo de 1220,028; 49,372 e 151,020 mg de cal por
grama de cinzas de PA, EA e PS, respectivamente; no teste de Frattini os resultados situaram-
se acima da curva de solubilidade de cal para as cinzas de EA e PS, e abaixo da curva para as
cinzas de PA; nos ensaios de resistência, as argamassas preparadas substituindo 25% de
cimento pelas cinzas, após 28 dias de cura, registaram uma resistência a compressão de 47,9;
25,0; 28,1 e 46,9 MPa para cinzas de PA, EA, PS e argamassa de control, respectivamente, e
IAP de 102,1% para PA, 53,3% para EA e 59,9% para PS. Portanto, concluiu-se que somente
cinzas de PA são pozolanas, pois, tem uma capacidade de consumir uma quantidade de cal
superior a 660 mg no teste de Chapelle, o resultado no teste de Frattini encontra-se abaixo da
curva de solubilidade de cal e o IAP das argamassas é superior a 75%. Com isso, recomenda-
se aos futuros pesquisadores a realizarem uma análise mais detalhada da granulometria pós-
calcinação e verificar a influência do tempo e da temperatura na fase amorfa das cinzas;
ensaios com diferentes percentuais de substituição (0%, 5%, 10%, 15%, 20% e 25%) para
oferecer uma visão mais abrangente da viabilidade de substituição parcial do cimento, assim
como expandir a correalação com testes termogravimétricos (TGA) ou análise de difração de
raios-X (DRX) para verificar a formação de produtos hidratados e a redução de portlandita.