Abstract:
o apresentar o livro “CULTURAS E SOCIEDADES: religiosidade,
identidades e territórios” temos ciência de que ele apresenta reflexões que
resultam das inquietações e criatividade dos autores, mas simultaneamente,
há também silêncios, lacunas, presenças e ausências. Esse entendimento resulta das escolhas
dos pesquisadores, os objetos de estudo, os questionamentos feitos às fontes, os interesses
teóricos e a forma como estruturam as narrativas.
Kuyumjian (2008, p.9) mencionou que o trabalho do “historiador é como o trabalho do
artesão: ele é obrigado a escolher um tipo de argila e a confeccionar um artefato específico”.
Ao longo da presente obra, são apresentados trabalhos que resultam do diálogo
interdisciplinar entre pesquisadores de diferentes áreas do conhecimento e que fizeram suas
investigações entre ambos os lados do Atlântico, tornando mais diversas e plurais as reflexões
realizadas.
O livro foi organizado em três seções com textos que de certo modo se relacionam entre
si, mas que contemplam objetos variados em diferentes espaços sociais, englobando o
continente africano, europeu e americano, notadamente, o Brasil em um caráter interdisciplinar.
No desenho proposto para a obra, a seção I, composta de cinco capítulos englobando
"História, Patrimônio, Direito e Educação”, contendo estudos realizados no continente
africano, europeu e americano. A segunda seção intitulada “Religião/religiosidades” foi
composta de seis capítulos, os quais incluem trabalhos com temas diversos no grande leque da
religiosidade e tendo como marcos geográficos diversos estados do Brasil. A terceira e última
seção intitulada “Artes” foi composta de dois capítulos, sendo um em território luso e outro em
Minas Gerais, Brasil.
A primeira seção, com a ampla temática da História, do Patrimônio, do Direito e da
educação inicia-se com o trabalho de Francisco José Pinheiro, abordando a Longevidade dos
casamentos dos escravizados na área da pecuária algodoeira. Na sequência, Vandeir José da
Silva e Giselda Shirley da Silva abordam o Patrimônio cultural: Núcleo Histórico de Paracatu
e as transformações na paisagem cultural. Na sequência da seção, o capítulo três trata da
Organização Escolar e as Lideranças Intermédias da Escola Portuguesa de Moçambique -Centro de Ensino e Língua Portuguesa. Este capítulo é de autoria de Antero Filipe Ruiz Ribeiro
& Susana Oliveira e Sá. No capítulo seguinte fazemos um salto no aspecto temporal e
geográfico e apresentamos as reflexões escritas por Gisele Freitas Estrela & Mário Jorge Lopes
Neto Barroca com o título: FONTES E CHAFARIZES NO COTIDIANO DA BAIXA IDADE
MÉDIA PORTUGUESA: gênero, imaginário e espaços de sociabilidade. O quinto capítulo por
de autoria de César Augusto Silva e Giselda Shirley da Silva traz reflexões sobre os Juízes de
Fora e Juízes Ordinários no recorte específico das Contribuições para a estrutura judiciária no
período colonial brasileiro.
A segunda seção do livro apresenta o maior número de trabalhos. Englobam a temática
da religião/religiosidade em sete capítulos com temas diferentes e ao mesmo tempo, singulares,
perpassando por diferentes espaços geográficos desse país de dimensões continentais no
aspecto territorial. O sexto capítulo de autoria de Nelson Ernesto Cossa & Alcides Malavone
Alberto Nobel, trata “Da tributação dos rendimentos das igrejas em Moçambique”. O sétimo
capítulo resultou do trabalho de pesquisa de Helen Ulhôa Pimentel e aborda A INQUISIÇÃO
E INTERAÇÃO ENTRE PODERES: Séculos XVI e XVII no Brasil. Em seguida o capítulo
redigido o por Cairo Mohamad Ibrahim Katrib & Tadeu Pereira dos Santos possui como título:
UMBANDA (S): práticas, representações culturais e aprendizagens em movimento. O nono
capítulo de autoria de Margareth Vetis Zaganelli, Bruna Velloso Parente & Adrielly Pinto dos
Reis traz à baila os PASSOS DE ANCHIETA: um caminho de peregrinação como
manifestação histórico-cultural do Estado do Espírito Santo. Na sequência, Maria Célia da
Silva Gonçalves traz importantes ponderações sobre as folias de reis de João Pinheiro - Minas
Gerais. O último capítulo da seção escrito por Hélcio Fernandes Barbosa Junior possui como
título: DESCRUZA OS BRAÇOS E GIRA: saberes do corpo na Umbanda em Pelotas, região
sul do Brasil.
A Terceira seção, possui como título “Artes”, traz dois capítulos cujos objetos estão
geograficamente muito distantes. O XII capítulo escrito pelo português Paulo Tiago, com o
título ALDEIA DA TERRA – CASO DE ESTUDO: – Início de uma atividade
artesanal/artística, apresenta importantes considerações sobre a arte e sua relação com o
patrimônio. O último capítulo apresentado nessa seção foi redigido por Jacirema Pompeu
Martins, possui como título “Traços da preservação cultural de uma cidade: bordados em cores,
linhas e mãos amorosas”.
Essa obra resultou do esforço dos pesquisadores e do seu do modo de fazer pesquisa.
Os trabalhos apresentam a polifonia de vozes e discursos produzidos pelos diferentes autores
que, com maestria trouxeram seus contributos para pensarmos diversos tempos, espaços,objetos, textos e contextos. Assim, o objetivo foi o de provocar algumas reflexões, suscitar
novos questionamentos e pesquisas, que possibilitem novos projetos.