Abstract:
O sector familiar da agricultura moçambicana constitui cerca de 80% da mão-de-obra activa. Este sector é
muito dependente da natureza e a população que depende deste sector é vulnerável à insegurança alimentar.
Durante os períodos não produtivos o consumo da farinha de macuácua “nfuma” tem constituído uma
alternativa para o sustento alimentar das comunidades nos distritos de Boane e Marracuene localizados na
província de Maputo. Este estudo foi desenvolvido com o objectivo de avaliar o potencial nutricional do uso
do fruto de macuácua (Strychnos madagascariensis) nas comunidades rurais de Marracuene e Boane como
meio de sustento. As análises de características físico-químicas e nutricionais foram conduzidas na polpa
fresca do fruto usado para fazer a farinha da macuácua designada por “nfuma” nas línguas locais, na farinha
e no óleo de macuácua. Os resultados preliminares indicaram que a polpa fresca do fruto a partir da qual se
produz a “nfuma” é ácida, apresentando entretanto uma considerável percentagem de açúcares totais. A
“nfuma” tem uma elevada percentagem de gordura (46%) Tabela 10, contém proteínas (5%) Tabela 7,
macronutrientes (K, Na, Mg e Ca), micronutrientes (Zn, Mn e Fe) e vitaminas A e C. Tem também presentes
na sua composição quantidades suficientes de alcaloides e saponinas (anti colesterol e anti cancerígeno). Os
alcaloides e saponinas também ocorrem no óleo e na semente. Da análise estatística para a comparação da
avaliação nutricional entre os produtos dos dois distritos objectos deste estudo, concluiu-se que no geral não
há diferença significativa entre os produtos de ambos os distritos. Registam-se diferença em alguns minerais
na farinha e na estabilidade oxidativa do óleo assim como no teor de ácidos gordos livres. Os resultados
obtidos indicam que a macuácua tem um potencial nutricional e medicinal elevado que pode ser explorado
para a segurança alimentar durante o período de escassez de alimentos.