Abstract:
No presente trabalho, abordou-se a importância da digitalização dos arquivos audiovisuais como
recurso para a construção da memória colectiva na TVM (2006-2021). A partir do presente tema,
buscou-se mapear a seguinte inquietação: Qual é a relação que existe entre a digitalização dos
documentos audiovisuais e a construção da memória colectiva na TVM? Inserido em uma
abordagem qualitativa, a análise deste trabalho assenta na bibliografia que versa sobre a temática
e na regulamentação que circunda o cenário mediático, principalmente na Estratégia Nacional de
Migração da radiodifusão analógica para digital, aprovada a 15 de Abril de 2014. Relativamente
aos procedimentos técnicos, o presente trabalho encontra-se assente na pesquisa bibliográfica e
documental. Seguiu-se também às entrevistas semiestruturadas direcionadas a especialistas com
vasto conhecimento do universo empírico e uma profissional de larga escala afecta à mediateca
da TVM. Entre idas e vindas, o processo da digitalização dos arquivos audiovisuais na TVM
revelou-se nada abrangente, não inclusivo e tão pouco democrático, na medida em que poucos
actores participaram desde que a União internacional das Telecomunicações (UIT) estabeleceu os
princípios técnicos básicos para a migração da radiofusão televisiva e sonora do analógico ao
digital em 2006. A digitalização dos audiovisuais que foram produzidos desde o nascimento da
TVM até 2021, altura em que se efectivou a transição televisiva do analógico para o digital, tem
assumido um carácter esporádico, nada formal, justificado por dificuldades orçamentais e um
misto de descuido. Este cenário cria dificuldades para a criação de conteúdos que exijam o recurso
ao património audiovisual e, por conta disso, concorre para o hiato na memória colectiva.