Abstract:
Esta dissertação tem como objectivo avaliar a vulnerabilidade da agricultura familiar à
intrusão salina no Regadio do Baixo Limpopo (RBL) e analisar, especificamente, os
determinantes da vulnerabilidade, determinar o índice de vulnerabilidade à intrusão salina
(IVIS) e propor medidas de adaptação considerando os desafios e oportunidades locais.
Para o efeito, foi adoptada uma metodologia mista: quantitativa (inquéritos a agregados
familiares (AFs) e qualitativa (entrevistas a actores governamentais, não-governamentais,
líderes locais e produtores). Os dados recolhidos foram normalizados e determinados os
sub-índices de exposição (IE), sensibilidade (IS), capacidade adaptativa (ICA) e o IVIS.
Posteriormente, fez-se a análise de variância e regressão multivariada para identificar os
indicadores significativos para cada sub-índice. Por fim, apresentou-se a distribuição
espacial dos resultados através de sistema de informação geográfica (SIG). Os resultados,
apontam que a exposição e sensibilidade possuem efeito significativo (p <0.05) no IVIS
observado, sendo Zongoene e Chongoene, os Postos Administrativos com maior IVIS,
classificado como moderado (0.41 – 0.60). Esta vulnerabilidade foi associada aos eventos
climáticos extremos e variabilidade climática, disponibilidade anual de água de rega,
saúde, tamanho da área agrícola, número de machambas, diversificação de culturas e de
épocas de produção. Como estratégias de adaptação, destacou-se a diversificação de áreas
de produção, adopção de culturas tolerantes, uso de material vegetal e orgânico,
entretanto, com alguma limitação no que concerne às medidas infra-estruturais
(manutenção de comportas de contenção da intrusão salina, limpeza de valas de
drenagem). Portanto, os resultados deste estudo podem ajudar a elaborar iniciativas de
adaptação à intrusão salina baseadas nas estratégias de adaptação locais adoptadas pelos
pequenos agricultores, tal como é o caso de promoção de culturas tolerantes à salinidade
(batata-doce, arroz, cana-de-açúcar, feijão nhemba, etc.), garantia do funcionamento de
infra-estruturas de gestão de recursos hídricos: abertura e limpeza de valas de drenagem,
manutenção de comportas existentes nos canais de irrigação