Abstract:
O objectivo do estudo é analisar as implicações educacionais da violência baseada no género nas escolas e estratégias de enfrentamento. A metodologia adoptada é de natureza aplicada e uma abordagem qualitativa com o cunho de estudo de caso para permitir a descrição e interpretação profunda do fenómeno. A amostra é por conveniência, e foram seleccionados 20 participantes, sendo 10 alunos e 10 professores, de género masculino e feminino. Os instrumentos de recolha de dados foram a entrevista semiestruturada, a observação e análise documental. O exame do material empírico foi realizado com base na técnica de Análise de Conteúdo de Bardin (2011). Os resultados de estudo revelaram que, os principais tipos de violência praticados nas duas escolas são: violência física (agressões físicas, arranhões, tapas, empurrões), violência psicológica (ofensas, humilhação, insultos e ameaças), violência sexual (assédio sexual) e violência simbólica (recusa de professores em darem explicações suficientes aos alunos de ambos géneros). As meninas é que sofrem mais a violência baseada no género na escola por serem associadas aos seguintes aspectos: vaidade, exposição do corpo, uso de saias curtas, má postura em sala de aula, assédio sexual de professores e alunos, medo de denunciar o assediador, o elo mais fraco, incapazes e machismo. Os (as) alunos (as) e professores (as) atribuem os factores da violência, especialmente, o consumo de álcool e drogas, a falta do acompanhamento dos pais e mães, as rivalidades relacionadas aos namorados, a falta de entendimento e respeito mútuo, as disparidades socioeconômicas, agressividade dos professores, o gozo da juventude, a separação ou divórcio dos pais, desestruturação familiar, a falta de estabelecimento de limites e a influência de más amizades na conduta. As implicações educativas caracterizam-se pelo baixo aproveitamento, abandono da escola, perda de interesse de estudar, traumas por parte de aluno (a), isolamento social, bulling, sentimentos de medo, vergonha, insegurança e baixa autoestima e; As estratégias de enfrentamento são o diálogo, a organização das palestras, a coordenação entre os pais/encarregados de educação, professores e alunos, a remoção das barracas nos arredores das escolas, programa eficaz de protecção as vítima e testemunhas de violência nas escolas, a revitalização do policiamento comunitário, planificação de currículos que abordam temas sobre a violência e adopção de políticas públicas participativas, olhando a realidade Moçambicana.
