Abstract:
A cultura de milho é considerada uma das mais importantes a nível nacional, na
perspectiva de produção, consumo e segurança alimentar. Embora a produção de milho,
a nível nacional, esteja a aumentar significativamente nos últimos anos, continua sendo
essencialmente de subsistência, com níveis baixos de comercialização. Alguns
pesquisadores procuram explicar os factores que influenciam as decisões dos pequenos
agricultores de produzir excedentes comercializáveis. Determinados estudos indicam
que a afiliação a associações agrárias (AA) tem um impacto sobre estes excedentes. No
entanto, os resultados destas pesquisas sobre o impacto das contribuições das AA na
participação dos pequenos agricultores no mercado são mistos e divergentes. Este
estudo tem como objectivo identificar os factores que influenciam a afiliação dos
agricultores nas AA e analisar o seu impacto na comercialização do milho no país. Para
alcançar estes objectivos estimou-se o modelo de regressão com mudança endógena
(MRME) e foram usados dados seccionais extraídos do IAI, realizado em 2017, pelo
Ministério de Agricultura e Segurança Alimentar. Os resultados indicam que a
probabilidade de participação dos agricultores nas AA é influenciada pela posse de
activos de transporte, força de trabalho, uso de irrigação, acesso a informação sobre
preços e o conhecimento da lei de terra. Os resultados do modelo confirmam ainda, que
os associados têm um nível de comercialização melhor (0.01) do que teriam se não
fossem associados e os não associados teriam um nível de comercialização ainda melhor
(0.05) se estivessem afiliados às associações agrárias. Isto sugere que as AA são
fundamentais na melhoria da participação dos agricultores na comercialização de milho.
Assim, recomenda-se que sejam implementadas políticas destinadas a fortalecer as AA
existentes e promover o estabelecimento de associações adicionais, que passam por
garantir o acesso a melhores activos produtivos e de transporte, formação do capital
humano e acesso a informações do mercado.