Abstract:
O estudo sobre o impacto do Elefante (Loxodonta africana, Blumenbach, 1797) na estrutura e
composição da vegetação do Parque Nacional de Maputo teve como objetivos determinar a
estrutura e composição da vegetação, identificar as espécies preferidas pelos elefantes e seu estado
de conservação, e estimar a percentagem e tipos de danos nas plantas assim como estágios de
desenvolvimento da vegetação. Foram alocadas parcelas de amostragem aleatórias em diferentes
habitats (florestas arenosas, mosaico de floresta arenosa e vegetação do corredor de Futi) com base
nos mapas de monitoria de elefantes entre 2019 e 2021. Em cada local de amostragem, foi
estabelecido um transecto de 1 km, com cinco parcelas de 20 x 20 m separadas por 200 m. No
total, 66 parcelas foram analisadas, 22 para cada habitat. Em cada parcela foram contadas e
identificadas todas as espécies, mediu-se o diâmetro e a altura e por fim foi avaliado o tipo de dano
para cada espécie. Foram calculados os índices de diversidade, riqueza, frequência, densidade,
disponibilidade, aceitabilidade e preferência e avaliado o estado de conservação das espécies nos
três habitats. Foram encontradas 109 espécies no total, distribuídas em três habitats: floresta
arenosa (76 espécies com densidade de 1123 indivíduos/ha), mosaico de floresta arenosa (63
espécies com densidade de 1018 indivíduos/ha) e vegetação do corredor de Futi (78 espécies com
densidade de 1094 indivíduos/ha). A vegetação é típica de floresta nativa, com predominância de
indivíduos juvenis e poucos adultos. Não houve diferenças significativas na riqueza, densidade e
diversidade entre os habitats. Três espécies foram altamente disponíveis, 17 com disponibilidade
intermediária, e 89 raras. Oitenta e oito espécies foram altamente aceites pelos elefantes, 19 com
aceitabilidade intermédia e 12 rejeitadas. As espécies aceites e preferidas variaram entre os
habitats. Das espécies preferidas, 47 são de baixa preocupação, três são vulneráveis e uma está em
perigo segundo a IUCN e 4 são endémicas e 8 quase endémicas.
Os danos por elefantes aumentaram em 53,81% desde 1999, com 5,31% resultando na morte das
árvores. Os danos mais frequentes foram ramos secundários quebrados (19,41%) e folhas e ramos
primários consumidos (10,87%). As tendências actuais de espécies de plantas a serem danificadas
por elefantes no PNAM, mostram que a longo prazo o aumento de número de elefantes poderá
constituir ameaça à diversidade florística.