Abstract:
Em Moçambique, o trauma pediátrico é um problema de saúde pública crescente. A avaliação
correcta e atempada destas vítimas a nível hospitalar pode prevenir a morte e incapacidade.
Estudos mostram que profissionais de saúde de outros países de baixa renda apresentam
conhecimentos subóptimos no manejo do trauma pediátrico. Entretanto, há pouca informação
disponível sobre este assunto em Moçambique.
O objectivo deste estudo foi de avaliar as atitudes, conhecimentos e participação em cursos de
trauma dos profissionais de saúde no manejo de trauma e reanimação pediátricos nos quatro
hospitais centrais de Moçambique.
Foi realizado um estudo observacional, transversal e analítico. A amostra compreendeu 313
profissionais de saúde seleccionados por conveniência, que respondeu a um questionário auto-
administrado abrangendo informação demográfica e profissional, conhecimentos e atitudes/auto-
eficácia sobre trauma e reanimação pediátricos. Foi realizada uma análise estatística descritiva e
usados os testes t-student e ANOVA para comparar as respostas.
Apenas 47% relatou ter frequentado cursos de trauma. Os participantes sentiram-se confiantes em
relação ao trauma pediátrico (68%), especialmente na avaliação primária e reanimação
cardiopulmonar (RCP), mas apenas 30% reportou confiança na realização de procedimentos
invasivos. Quase metade considerou o seu nível de conhecimento médio/bom, enquanto que os
escores de conhecimento foram fracos (3,5/9 perguntas). A participação em cursos de trauma foi
o único factor que contribuiu para um melhor nível de conhecimento (p<0,05).
Em suma, os profissionais de saúde apresentaram uma atitude positiva no manejo de trauma e
reanimação pediátricos. Os conhecimentos precisam de ser melhorados, especialmente em
manobras de RCP. A participação em cursos sobre trauma e reanimação pode ser uma ferramenta
para melhorar tais conhecimentos.