Abstract:
A comunicação social tem o papel preponderante de promover os Direitos Humanos, de transmitir imagens não estereotipadas de mulheres e homens, de informar, de educar a população acerca das causas e dos efeitos da violência contra a mulher, bem como estimular o debate público sobre a matéria. Nesta sequência, o presente trabalho visa compreender as razões da não adopção, pelos órgãos de comunicação social, da perspectiva de Direitos Humanos na cobertura de casos de violência contra a mulher. Para tal, a pesquisa foi realizada em diferentes órgãos de comunicação social, envolvendo 11 jornalistas com experiência na cobertura de casos de violência contra a mulher. Dado o carácter do estudo, optou-se por uma abordagem qualitativa, descritiva e analítica. Esta combinação de métodos permitiu explorar, descrever e analisar os dados recolhidos junto dos sujeitos estudados. Os resultados da pesquisa mostraram que apesar de alguns órgãos de comunicação conhecerem o significado e a importância da adopção da perspectiva dos Direitos humanos na cobertura de casos de violência contra a mulher, não a adoptam influenciados predominantemente pelos factores tempo, falta de especialização dos jornalistas e de editorias específicas a nível das redações. No entanto, é preciso sublinhar que apesar de existirem orientações a nível organizacional, há valores individuais e intelectuais, isto é, forças pessoais que influenciam a produção das notícias sobre a violência contra a mulher, são os valores socioculturais dos jornalistas