Abstract:
Este texto discute o uso do passado na actual vida política em Moçambique. Em particular,
detém -se na narrativa fundadora da nação moçambicana (formulada como história de
conteúdo moral, ou fábula), questionando aspectos como o da sua relação com outras
memórias e a sua natureza oral. Desta última, resulta, por um lado, uma capacidade de
adaptação às alterações circunstanciais do presente, e por outro um grande poder dos
detentores da narrativa – as testemunhas. Discute também as relações necessariamente
de tensão entre a memória política e a historiografia. No fundo, pergunta -se em que
medida esta narrativa não se constitui como instrumento poderoso de diferenciação
social e privilégio no actual quadro de luta pela democracia