Produção de alimentos, segurança alimentar e nutricional: caso do distrito da Manhiça, província de Maputo

Abstract

A produção de alimentos e a segurança alimentar e nutricional remete-nos a uma série de questões ligadas ao sistema alimentar. Os níveis de produção de alimentos podem influenciar de forma decisiva na vida da população do Distrito da Manhiça. O presente trabalho analisa os actuais níveis de produção de alimentos no Distrito da Manhiça, Província de Maputo, procurando mostrar a relação entre a segurança alimentar e nutricional e o desenvolvimento. Para este trabalho, recorreu-se à revisão da literatura, que aborda questões de produção de alimentos, segurança alimentar e a sua relação com o desenvolvimento. Posteriormente, fez-se a recolha de dados no campo e consequente análise quantitativa, com o recurso ao programa SPSS. E, havendo questões que precisavam de mais aprofundamento, recorreu-se à entrevista a 10% da amostra e posterior análise qualitativa. Esta fase abrangeu uma amostra de 170 agregados familiares e 17 agricultores de contacto. A dimensão da amostra depende também da variabilidade da característica da população em estudo. Ainda o mesmo autor refere que, se os elementos da população forem relativamente homogênea face a característica em estudo, a dimensão da amostra pode ser pequena (Crespo, 1998). Definição da amostra A partir do universo de 28,669 Agregados Familiares dos Postos Administrativos foi seleccionada uma amostra de 170 AFs. O tamanho da amostra foi calculado em função de um intervalo de confiança de 95% e uma margem de erro inferior a 7.5%. Os resultados da análise mostram que 91.3% da população do distrito obteve uma insuficiente produção nas principais culturas alimentares, variando entre 50 a 400 kg, pois o stock apenas serve para assegurar alimentos num período entre 3 a 4 meses num ano. E, por outro lado, os mesmos resultados indicam que 71.1% dos habitantes do distrito tem como dieta alimentar básica a xima, acompanhada de vegetais. Esta dieta é afectada pelo baixo consumo de alimentos com alto valor protéico e pelo consumo intermitente de diferentes frutas. vii A Segurança Alimentar e Nutricional é a garantia do direito de todos ao acesso a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente e de modo permanente, com base em práticas alimentares saudáveis e respeitando as características culturais de cada povo, manifestadas no acto de se alimentar (FAO, 1996). Esta condição não pode comprometer o acesso a outras necessidades essenciais, nem sequer o sistema alimentar futuro, devendo-se realizar em bases sustentáveis. Seguindo essa lógica de ideia, conclui-se que a quantidade de alimentos produzidos no distrito da Manhiça suporta até 4 meses, como referido acima. Essa produção não oferece alimentos em qualidade e quantidade suficiente e de modo permanente, afectando assim a segurança alimentar e nutricional dos agregados familiares do distrito e, consequentemente, não desempenha o seu papel como factor de desenvolvimento (idem) das condições de vida dos mesmos é baixa