O medicamento não é tudo: associativismo e experiências vividas dos indivíduos infectados pelo HIV na cidade de Maputo, Moçambique

Abstract

Nos últimos anos têm crescido significativamente o número de pesquisas que se preocupam com a questão do associativismo e assistência aos indivíduos seropositivos. Esta dissertação estuda as dinâmicas de interação dos indivíduos seropositivos em contexto de associativismo e pretende mostrar o pepel das suas redes sociais no tratamento do HIV/SIDA. A investigação etnográfica foi realizada na Associação Hixikanwe, localizada no bairro de Malhazine, arredores da cidade de Maputo. A pesquisa parte das experiências dos sujeitos construídas no âmbito do associativismo e das dinâmicas de interação entre os membros da associação Hixikanwe, expondo suas relações acções de solidariedade e de ajuda mútua e os efeitos sociais dessa prática como um saber, fazendo referência aos pressupostos da cultura biomédica sobre a adesão ao tratamento do HIV, isto é, faz-se uma análise das experiências dos associados sobre a doença e tratamento. A Associação Hixikanwe mostrou-se como um espaço de limites e possibilidades, pois, os membros e activistas narram sobre suas experiências de vida na relação do associativismo com a doença e o seu tratamento. Esta dissertação sugere que os mecanismos adoptadas no associativismo para enfrentar o HIV e o seu tratamento expresso nas narrativas dos membros da Hixikanwe são implementadas transversalmente por estratégias através dos quais os sujeitos se posicionam em grupos solidários.